Criação dos gregos e romanos, a Política tem como finalidade, em sua
origem, a vida justa e feliz, isto é, a vida propriamente humana e digna de
seres livres. Sendo assim, a política é inseparável da ética. De fato, para os Gregos e Romanos clássicos, era
inconcebível a ética fora da comunidade política, pois nela, a natureza ou
essência humana encontrava sua realização mais alta.
O vínculo interno entre ética e
política significava, para os gregos, que a qualidade das leis e do poder
dependiam das qualidades morais dos cidadãos. Considerando que a referência
política básica na Antiguidade Clássica era a cidade (não como espaço urbano e
sim como comunidade política – a polis), somente na cidade boa e justa os
homens podem ser bons e justos e somente homens bons e justos são capazes de
instituir uma cidade boa e justa.
Como referência básica para
compreender a noção filosófica de Política, nos remetemos as ideias de dois
grandes filósofos gregos: Platão e
Aristóteles!
Para Platão, os seres humanos e a polis possuem a mesma estrutura. Os
humanos são dotados de três almas ou três princípios de atividade: a alma concupiscente ou desejante (situada
no ventre), que busca satisfação dos apetites do corpo; a alma irascível ou colérica (situada no peito), que defende o corpo
contra as agressões do meio ambiente e a alma
racional ou intelectual (situada na cabeça), que se dedica ao conhecimento.
Também a polis (espaço social e político) possui uma estrutura tripartite,
formada por três classes sociais: a classe
econômica dos proprietários de terra, artesãos e comerciantes, que garante
a sobrevivência material da cidade; a classe
militar dos guerreiros, responsável pela defesa da cidade e a classe dos magistrados, que garante o
governo da cidade sob as leis.
O que é, pois, o homem justo? Segundo Platão, aquele cuja alma racional (pensamento
e vontade) é mais forte do que as outras duas almas. O que é a justiça política? Essa mesma hierarquia,
mas aplicada à comunidade – os sábios legisladores devem governar, os
militares, devem defender a cidade e os membros da classe econômica, devem
assegurar a sobrevivência da polis. Como realizar a Cidade justa? Segundo Platão, a cidade justa é aquela governada
pelos filósofos, administrada pelos cientistas, protegida pelos guerreiros e
mantida pelos produtores. Para ele, somente os filósofos têm como interesse o
bem geral da polis e somente eles podem governá-la com justiça.
Já Aristóteles elabora uma teoria política diversa da de Platão. Para
determinar o que é a justiça, diz ele, precisamos distinguir dois tipos de
bens: os partilháveis e os participáveis.
Um bem é partilhável quando é uma
quantidade que pode ser dividida e distribuída - a riqueza é um bem
partilhável. Um bem é participável
quando é uma qualidade indivisível, que não pode ser dividida nem distribuída,
podendo apenas ser participada - o poder político é um bem participável.
Existem, pois, segundo Aristóteles, dois
tipos de justiça na Cidade: a
distributiva, referente aos bens econômicos partilháveis; e a participativa, referente ao poder
político, que é participável. Assim, a Cidade justa é aquela que saberá
distinguir esses dois tipos de justiça e realizar ambas. Para Aristóteles, a
justiça distributiva consiste em dar a cada um o que é devido e sua função é
dar desigualmente aos desiguais para torná-los iguais. A função ou finalidade
da justiça distributiva seria a de igualar os desiguais para que recebam os bens
partilháveis segundo suas condições e necessidades.
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