Se a sua vida fosse um livro, quem seria o
autor dessa história? Para a maioria das pessoas pode parecer uma pergunta
óbvia e cuja resposta deveria ser “eu mesmo”. No entanto, ao ouvirmos homens e
mulheres a partilhar de sua vida em um consultório terapêutico, percebemos que
não é bem assim que as coisas ocorrem.
O que leva uma pessoa a pensar que
escreveu sua própria história de vida? A resposta mais usual para essa pergunta
é que “eu sou o autor, afinal sou eu que estou vivendo essa história”. Porém,
viver uma história pode significar apenas você é um ótimo ator existencial.
Pode atestar que atuou tão bem no papel de “você mesmo” que nem ao menos
percebeu quem realmente está segurando a caneta e o papel e definindo o rumo da
sua vida.
Muitas pessoas chegam ao consultório e
dizem estar perdidas, dizem que não sabem mais quem são, que se afastaram de si
mesmas e agora caminham uma estrada que nada tem a ver com elas. Dizem que não
têm saída, que dia-a-dia são levadas a fazer coisas que não querem, a trabalhar
com aquilo não gostam, a estarem onde detestam. Queixas que muitas vezes apenas
atestam fatores difíceis de aceitar. Atestam que muitas pessoas talvez nunca
tenham sido autoras do próprio destino. Que algumas perderam esse dom pelo caminho
e que outras, sendo autoras, escreveram muito mal essa história.
Mas como saber? E para que saber? Será que
ter ciência disso não iria apenas deixar as coisas ainda piores? Não seria
apenas mais um motivo de desgosto e pesar nessa vida? Para alguns de fato, mas
para muitos outros significa a possibilidade de libertação. Significa a
possibilidade de reencontrar a capacidade de ser o “autor da própria
existência” e talvez aos poucos reencontrar a si mesmos.
Por: Gilberto
Sendtko
Terapeuta e
Coordenador de Pós-graduação
Especialista em
Filosofia Clínica
www.facebook.com/terapiachapeco
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