Não
podemos negar que há uma fase que atormenta muito os pais, e até mesmo
educadores: é a dos “porquês”, que ocorre quando o pequeno atinge cerca de 5, 6
anos. Esta é a melhor fase da criança, isso porque ela está aprendendo que,
perguntando, consegue chegar a algumas respostas. E quando não se dá por satisfeita, a criança,
continua investigando, perguntando e pensando sobre aquele determinado assunto.
Nessa
fase, os pequenos fazem os adultos refletirem sobre que modelos lhes estão
fornecendo. A criança torna-se a ser mais
crítica, passa a exigir dos adultos uma postura sobre fatos que eram
banalizados. Lembramos que as crianças e os filósofos compartilham algumas
disposições comuns, como a curiosidade, o espanto e o deslumbramento diante do
mundo, então a questão já não é tão extraordinária assim.
A
criança tem, pois, a essência de um filósofo, nessa disposição ao
deslumbramento e curiosidade e que, ao longo do tempo, tem sido sufocada
exatamente pelas instituições educativas e pela família que já lhes entrega
"respostas", "verdades prontas", "leis",
"normas", "regulamentos", "caminhos" que
necessitam apenas ser decorados e introjetados. Assim, a essência do filosofar
que se manifesta na criança pequena com os seus "por quês" é
mutilada, já na infância.
Sabemos
que crianças, até bem pequenas, perguntam muito e, entre suas perguntas,
algumas dizem respeito, por exemplo, ao fato do pensar e da existência das
coisas, às situações que envolvem noções de certo e errado, justo e injusto,
bem e mal. Ora,
essas são questões, entre muitas outras, que fazem parte privilegiada das
indagações filosóficas. E, por isso, devemos aproveitar esse interesse presente
nas crianças, para desenvolvê-las em um processo de investigação que pode ser
uma verdadeira iniciação filosófica, educativa por si mesma.
Todos
os seres humanos emancipados têm o direito de decidir os rumos das suas vidas.
Também as crianças têm esse direito, como lhes cabe o direito de aprender a
dominar o uso das habilidades intelectuais que lhes possibilitem as decisões.
Nesse sentido, uma iniciação filosófica relativa aos bons procedimentos do
filosofar, deve ser iniciada o quanto antes.
Profº Marcelo Vieira - Trechos
retirados da monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Filosofia da
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), aprovada no ano de 2009, sob o título:
“A Educação Filosófica das Crianças segundo
Rousseau e Lipman: da razão à autonomia humana”.
Qual seu ponto de vista acerca do tema. Poste um comentário:
0 comments so far,add yours