No último dia 12 de setembro em Brasília-DF, o Conselho
Nacional de Educação (CNE) realizou a última audiência pública em parceria com
o Ministério da Educação (MEC) para receber contribuições para a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Um dos pontos mais debatidos foi a forma como as
questões de ideologia de gênero e de orientação sexual devem ser tratadas no
documento.
Desde julho, a BNCC vem sendo debatida em cada
região do país, e já foram realizados encontros em Manaus, Olinda, Florianópolis
e São Paulo. Durante a última audiência em Brasília, médicos e professores se
manifestaram contra a abordagem das questões de gênero no texto.
A representante da Associação de Médicos pela
Diversidade, Carla Dorgam, disse que a ciência desmonta a ideia de que as
crianças nascem indiferentes em relação ao gênero. “Não há embasamento
científico nenhum que sustente ideologia de gênero, portanto não há nada que
justifique aplicá-la nacionalmente, em toda a rede pública de ensino”, disse.
Já o chefe de Educação do Fundo das Nações Unidas
para a Infância no Brasil, Ítalo Dutra, disse que a garantia das expressões
“orientação sexual” e “identidade de gênero” no texto da Base é importante para
a proteção dos direitos de crianças e adolescentes. “Essa discussão é
importante para dar visibilidade às necessidades de aprendizagem de muitas
crianças brasileiras que são vítimas de racismo, homofobia, transfobia durante
toda a sua existência.”
O secretário de Educação Básica do MEC explicou que
a Base traz uma redação que trata das diversidades de maneira geral, entre
elas, as diversidades de gênero, de opção sexual, de etnias. “Nós entendemos
que a redação está em um ponto adequado, mas agora cabe ao CNE fazer qualquer
apresentação de contraproposta ao Ministério da Educação. Estamos próximos para
sentar e discutir todos os temas”, disse Silva.
De acordo com o conselheiro Callegari, as sugestões
apresentadas ao colegiado vão ser consideradas, assim como todas as outras
recebidas, mas ressaltou que o assunto já é tratado nas diretrizes curriculares
que estão em vigor atualmente. “O Conselho não cogita revogar as diretrizes
curriculares que estão vigentes hoje no país. E todas elas fazem referências
explícitas aos cuidados que a escola deve ter no que diz respeito à discussão
desses temas como gênero, orientação sexual. Então, isso não pode ser ocultado
de um documento da Base Nacional Comum Curricular”, ressaltou.
(Agência Brasil)
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